Maternidade e o corpo feminino

O corpo feminino e as mudanças durante a maternidade

Sabemos que durante a gestação o corpo sofre inúmeras mudanças, já que um novo corpo passa a hospedar o corpo das mães e a dividir os espaços, alimentos e até, a energia metabólica. Com isso, surgem as estrias, acnes e os ganhos de peso, afinal é um novo corpinho que está se desenvolvendo dentro dos ventres das futuras mamães.

“Eu gosto da possibilidade de ter filhos, mas não gosto de ficar grávida. Nós passamos a vida inteira não querendo ter barriga e de repente, queremos ter barriga. Como assim? Além disso, eu sou muito ansiosa e esperar os nove meses, me traz angústia. Eu perco a fome, tenho muito enjoo e mesmo assim tenho muito ganho de peso, é horrível”, diz Ana Paula Santos, mãe de dois filhos.

Assim como Ana Paula, a psicopedagoga e mãe, Bianca Sanches, conta que engordou muito durante a sua gravidez e que após este período o seu corpo nunca mais foi o mesmo. Ela não conseguiu eliminar os pesos ganhos e perdeu a elasticidade da pele, acabou ficando mais flácida, por conta do crescimento da barriga e dos ganhos de peso.

Muitas mulheres relatam que durante a gravidez, elas possuem um caso de amor com os seus corpos, pois estão munidas de hormônios, que causam a satisfação por estar gerando aquele bebê. Porém, em contrapartida, durante o puerpério, esse sentimento se inverte e acaba trazendo uma relação de extremo ódio com as aparências.

Essa falta de reconhecimento por parte das mães, muitas vezes, acaba influenciando nas crianças, como é o caso da filha de Bianca Sanches. A garota, ao ver a mãe com a sua insatisfação corporal, possui uma relação de ódio com o seu corpo e ao se ver no espelho, se enxerga cada vez mais feia e deixa de comer, em busca do emagrecimento e corpo perfeito, que nunca possui um padrão alcançável.

Em contrapartida, a Lize Nascimento afirma que houve uma relação de muito amor com o seu corpo durante a gestação e após esse período. Por não ter aumento drástico de peso, ela teve apenas o aumento da barriga e se sentia muito bonita ao se ver no espelho, se sentia amada e cuidada. A sua única preocupação era com as estrias que começaram a surgir, mas logo buscou ajuda de uma dermatologista que receitou um hidratante para a diminuição.

“É interessante falar sobre a minha gestação, que aconteceu em 1997. Foi quase uma gravidez geriátrica para a época, pois eu tinha 31 anos. Eu tive uma particularidade, pois eu era infértil, cheguei a perder cinco bebês e quando eu engravidei, foi uma alegria, de ver aquele corpinho abrigando o meu ser. Eu não tive grande ganho de peso, no total foram 10 quilos e eu me sentia linda grávida, tanto que fiz várias fotos durante este período. O problema se concentrou no puerpério, minha filha nasceu prematura e logo após isso, aconteceu o término do meu casamento, então eu não tinha tempo para me amar e cuidar. A minha autoestima foi derrubada de vez neste momento”, relata Lize Almeida.

Inclusive, durante este processo de puerpério, a mídia é uma grande vilã. As mulheres veem as famosas retornando aos seus corpos em poucos dias e a partir disso, gera o processo de comparação, que impede ainda mais a aceitação corporal, fazendo com que essas mulheres fiquem competindo com outros corpos e, até mesmo, fazendo com que elas odeiem os seus corpos.

Cada vez mais, precisamos entender a importância das marcas em nossas vidas. Muitas vezes, as gestações deixam lembranças, como estrias e flacidez, mas ao mesmo tempo, esse processo trouxe uma nova vida ao mundo, uma vivência que nem todas mulheres têm a oportunidade. Portanto, viva o processo. Ame-se! Aceite o seu corpo da forma que ele é.